Por Francisvaldo Mendes de Souza *

A esperança de superar o sistema opressor do capitalismo é uma energia que emerge de todas as pessoas que querem ver a vida seguir o ritmo de consolidação do ser humano como uma espécie em constante evolução para superar o próprio motivo de sobreviver, mas sim viver com a intensidade que a vida merece!

É com esse intuito que surgem as alternativas entre os trabalhadores; em vários lugares do mundo, há ecossistemas solidários funcionando, dos pequenos aos maiores. São mulheres costurando em cooperativas, catadores que (apesar da precarização) fazem o Brasil ser o maior reciclador de latinhas de alumínio do mundo, indígenas e camponeses defensores de sementes, bancos comunitários que reinventaram suas comunidades, moedas sociais que denunciam que o dinheiro deve obedecer a necessidade do homem, e não a necessidade do dinheiro, atendendo assim o bem comum. Apesar de serem experiências ainda fragmentadas, possuem um potencial enorme de apontar para uma construção coletiva e socializante.

O avanço da uberização que reorganiza o trabalho tem sido letal para os trabalhadores e trabalhadoras e faz também brotar modos alternativos e cooperativos de organizar a atividade laboral – sem patrão e super exploração, é bom lembrar. O colapso ambiental motiva muitos coletivos de agricultores e agricultoras a enfrentar a crise climática por meio de agroflorestas e da agroecologia. Não há, portanto, alternativa pronta. Mas há alternativas a se apoiar e construir. E é no sentido de potencializar e fortalecer tais experiências, e caminhar para um projeto de formação dessa colcha de retalhos antissistêmica, que nasce a revista Alternativas Solidárias – A Revolução Silenciosa.

Na sua primeira edição, temos artigos tão especiais quanto necessários, distribuídos inicialmente numa discussão sobre a adoção do socialismo autogestionário pelas esquerdas em sua tática de luta; seguido do debate de uma visão alternativa do desenvolvimento trazendo a experiência da Justa Trama, rede que produz roupas sem veneno e sem exploração desde a plantação de algodão até o último acabamento de cada peça; em seguida temos a agroecologia sendo colocada como forma de produção solidária e criativa; depois temos nosso “mão na massa” com a experiência concreta de Vicente Guindani e a Agricultura Sintrópica; e, por último, mas não menos importante, apresentamos o Empreendimento Econômico Solidário da Lavanderia Comunitária 8 de Março como uma experiência de mudança de vida de mulheres em estado de vulnerabilidade social.

Por isso, convidamos todas e todos para essa viagem para uma economia gestada aqui e agora dentro dos escombros do Capitalismo. O nosso desafio é a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco colaborar na expansão das Revoluções Silenciosas já em curso!

* Francisvaldo Mendes de Souza é Presidente Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF).