A revolução conquistada

Por Francisvaldo Mendes de Sousa *

Queremos apresentar o terceiro número dessa importante revista que nos ajuda a defender a ideia que uma sociedade melhor é possível com as atitudes importantes no dia a dia de nossa vivência em sociedade.

As atitudes são como tsunamis que arrastam mesmo contra a vontade do sistema que nos impõe comportamentos mecânicos que só beneficiam os donos dos meios de produção, os capitalistas e exploradores.

Nessa revista temos o professor Genauto Carvalho de França Filho apresenta uma reflexão sobre a profundidade do debate que é feito atualmente em relação à economia solidária e o alcance da agenda de mudança social a ela relacionada. Já no segundo texto, conhecemos a história da Metalcoop, uma cooperativa localizada em Salto/SP que, há 19 anos, proporcionou a recuperação de uma tradicional indústria metalúrgica prestes a falir. Em seguida, Caco de Paula nos apresenta o Instituto Terra Viva, um coletivo que conecta cerca de 80 famílias de produtores agroecológicos da região de Sorocaba/SP a uma ampla rede de economia solidária.

Colocando em prática a discussão sobre tecnociência Solidária de Sandra Rufino na edição anterior, contamos com o texto de Renato Frosch, sobre o Projeto Santos às Cegas. Essa grande experiência de tecnologia aberta que ocorre em Santos/SP dá acesso a pessoas com e sem deficiência a trajetos e monumentos ao longo da ciclovia da cidade.

Por fim, uma colaboração internacional: publicamos um depoimento do coletivo venezuelano Red Cecosesola, atuante desde a década de 1980 naquele país, e que conta com mais de 1200 trabalhadoras e trabalhadores associados, colaborando em diversos serviços prestados à população, mostrando que a população organizada pode superar desafios e contribuir para que o meio em que vive possa ser melhor para todos e todas da sociedade.

* Francisvaldo Mendes de Souza é Presidente Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF)

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Uma nova conquista no horizonte

Por Francisvaldo Mendes de Souza *

Após a boa receptividade do lançamento dessa revista, – publicação que será uma referência no debate e fomento de uma nova forma de ver a relação capital e trabalho – , seguiremos firmes da publicação das próximas edições a fim de sedimentar uma nova visão sobre as relações sociais, rompendo os paradigmas da mentalidade de exploração que o sistema nos impõe diariamente.

Nessa segunda edição, os temas são essenciais para o aprofundamento da nossa percepção de construção de algo novo na engrenagem da produção, circulação, distribuição e consumo de bens e serviços. Na abertura Egeu Esteves e Cris Fernández trazem uma conceituação de Economia Solidária antissistêmica, fugindo das falácias da precarização e do empreendedorismo. 

Na segunda seção, uma discussão essencial para a esquerda: Sandra Rufino mostra que é preciso ir além do paradigma do “desenvolvimento das forças produtivas” para nos perguntarmos que tipo de tecnologia está por trás delas, assim defendendo a tecnologia social e a tecnociência solidária como tecnologias dos trabalhadores.

João Canuto, na terceira parte da revista, mostra que as agroflorestas são economicamente viáveis, sendo assim possível reorganizar a natureza de forma produtiva e para além da ecologia capitalista. 

A experiência concreta, ou seja, quem coloca a “mão na massa” nessa edição é Afonso Homma trazendo a experiência da COOPCENT, profunda iniciativa autogestionária dos trabalhadores da reciclagem. Assim, fechando a nossa revista que agora tem duas publicações de idade, temos a Giro Sustentável, coletivo de entregadores que aponta caminhos para a boa vida em comunidade em meio a precarização dos aplicativos e dos atravessadores do delivery.

Todos e todas que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária sabem quão importantes são as experiências e a vontade de transformação daqueles que militam pela transformação das relações desumanas do sistema capitalista. O fortalecimento de tais experiências é, não somente possível, mas também necessário e urgente. Cada pequena contribuição é importante para o espraiamento de novas atitudes!

* Francisvaldo Mendes de Souza é Presidente Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF)

 

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Vem novidade por aí: o curso Construindo o Socialismo Autogestionário!

Por: Guilherme Prado, em nome da Rede Livres

Estamos felizes em anunciar nosso novo curso de formação nacional “Construindo o Socialismo autogestionário: teoria e prática”, realizado por nós da Rede Livres em parceria com o Centro de Economia Solidária e Agroecologia (CESA), Centro Organizativo dos trabalhadores (COT) e a Fundação Rosa Luxemburgo.

Vamos refletir sobre como podemos, aqui e agora, construir alternativas ao sistema capitalista que concentra a riqueza na mão de poucos e destrói a natureza a ponto de nos colocar sob a ameaça da 6ª grande extinção? Bora refletir sobre Como reorganizar o trabalho e a natureza de modo a atingir o Bem Viver?

Já há, na verdade, coletivos de trabalhadores, cooperativas de agricultores e outros grupos que já organizam o trabalho e a natureza para além do capitalismo.

Outras ecologias! Outras economias!

Quer conhecê-las, entendê-las e saber como funcionam refletindo sobre o outro sistema que temos que construir?

Com exceção das duas aulas inaugurais (dias 3 e 6 de agosto), as aulas online serão às terças, às 19h e vão contar sempre com dois convidados (as): um com olhar mais teórico e outro mais prático, contando com professores, professoras e lideranças de empreendimentos econômicos solidários, para nos inspirar a pensar um outro mundo mais cooperativo e mais agroecológico.

Clique aqui e confira o cronograma completo do curso:

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Economia Solidária e Macroeconomia: hein?

Por Guilherme Prado *

Vale introduzir um tema que futuramente será abordado pelo professor Genauto Carvalho Filho, da UFBA, na nossa Revista Alternativas Solidárias. Há quem pense que a Economia Solidária versa sobre a microeconomia apenas, e a microeconomia para a esquerda tem importância minoritária.

Isso está errado, primeiro porque a microeconomia dita o subjetivo das comunidades econômicas e não é menos importante por isso. É no micro que as relações econômicas se dão. Porém, achar que a Economia Solidária não é importante para a macroeconomia é um grande erro.

Desescalar a macroeconomia e regionalizar a microeconomia é, de alguma forma, uma proposta interessante.

O Socialismo fala sobre democracia econômica, e não há democracia econômica que expolie o local em detrimento do global. É no território que os trabalhadores e a natureza produzem a riqueza. Assim o capitalismo trabalha com a distribuição desigual de excedentes, o tal “desenvolvimento do subdesenvolvimento” de Andre Gunder Frank. Dito isso, socialismo passa por um profundo projeto de relocalização da economia.

Por várias questões, mas principalmente as ecológicas, a economia de escala como conhecíamos já faz parte do problema. Vemos isso, por exemplo no sistema alimentar: como a globalização da produção de alimentos produz pandemias, explora agricultores, além de tornar dependentes vários países.

Se só uma região de um país produz alimentos para uma nação, ou pior, para o mundo todo, todos dependem das condições de produção desse local (especialmente climáticas). Ou seja, a macroeconomia é pensada só como uma questão de custos, e nunca como uma questão de subsistência, autonomia e resiliência. Vimos isso quando percebemos que poucos países podem produzir vacinas nessa pandemia. É um pensamento quase irracional e anacrônico quando pensamos em alimentos: quanto mais nossos alimentos precisam de combustíveis para chegar na nossa mesa, mais ameaçado estamos, vide a última greve dos caminhoneiros.

A Economia Solidária pode ajudar a fazer o que a teoria do desenvolvimento não teve fôlego ou ousadia para fazer, apesar de suas grandes contribuições.

Discutir macroeconomicamente a microeconomia e vice versa é uma tarefa que a Ecosol pode fazer em um mundo constrangido pelos limites ecológicos. Regionalizar cadeias produtivas, um objetivo complicadíssimo e que demanda várias outras cabeças para nos ajudar, é o paradigma para um pós-desenvolvimentismo ecologicamente correto, socialmente justo e democrático.

* Guilherme Prado é mestre em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC (UFABC), militante do PSOL e coordenador da Livres Coop – Rede Agroecológica de Produção e Consumo

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As Alternativas Solidárias como uma Revolução Silenciosa

Por Francisvaldo Mendes de Souza *

A esperança de superar o sistema opressor do capitalismo é uma energia que emerge de todas as pessoas que querem ver a vida seguir o ritmo de consolidação do ser humano como uma espécie em constante evolução para superar o próprio motivo de sobreviver, mas sim viver com a intensidade que a vida merece!

É com esse intuito que surgem as alternativas entre os trabalhadores; em vários lugares do mundo, há ecossistemas solidários funcionando, dos pequenos aos maiores. São mulheres costurando em cooperativas, catadores que (apesar da precarização) fazem o Brasil ser o maior reciclador de latinhas de alumínio do mundo, indígenas e camponeses defensores de sementes, bancos comunitários que reinventaram suas comunidades, moedas sociais que denunciam que o dinheiro deve obedecer a necessidade do homem, e não a necessidade do dinheiro, atendendo assim o bem comum. Apesar de serem experiências ainda fragmentadas, possuem um potencial enorme de apontar para uma construção coletiva e socializante.

O avanço da uberização que reorganiza o trabalho tem sido letal para os trabalhadores e trabalhadoras e faz também brotar modos alternativos e cooperativos de organizar a atividade laboral – sem patrão e super exploração, é bom lembrar. O colapso ambiental motiva muitos coletivos de agricultores e agricultoras a enfrentar a crise climática por meio de agroflorestas e da agroecologia. Não há, portanto, alternativa pronta. Mas há alternativas a se apoiar e construir. E é no sentido de potencializar e fortalecer tais experiências, e caminhar para um projeto de formação dessa colcha de retalhos antissistêmica, que nasce a revista Alternativas Solidárias – A Revolução Silenciosa.

Na sua primeira edição, temos artigos tão especiais quanto necessários, distribuídos inicialmente numa discussão sobre a adoção do socialismo autogestionário pelas esquerdas em sua tática de luta; seguido do debate de uma visão alternativa do desenvolvimento trazendo a experiência da Justa Trama, rede que produz roupas sem veneno e sem exploração desde a plantação de algodão até o último acabamento de cada peça; em seguida temos a agroecologia sendo colocada como forma de produção solidária e criativa; depois temos nosso “mão na massa” com a experiência concreta de Vicente Guindani e a Agricultura Sintrópica; e, por último, mas não menos importante, apresentamos o Empreendimento Econômico Solidário da Lavanderia Comunitária 8 de Março como uma experiência de mudança de vida de mulheres em estado de vulnerabilidade social.

Por isso, convidamos todas e todos para essa viagem para uma economia gestada aqui e agora dentro dos escombros do Capitalismo. O nosso desafio é a Fundação Lauro Campos e Marielle Franco colaborar na expansão das Revoluções Silenciosas já em curso!

* Francisvaldo Mendes de Souza é Presidente Fundação Lauro Campos e Marielle Franco (FLCMF).

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